Bico do Papagaio com a Barra ao fundo

Bico do Papagaio via serrilha (12º dia da Transcarioca) – Parte I

Atrações

Depois de percorrer um longo trecho repleto de grandes atrações (11º dia), enfrentei outro trecho tão ou mais intenso quanto, repleto de mirantes alucinantes como o do Bico do Papagaio, Pico da Coruja, Morro da Cocanha, Morro da Taquara e Castelos da Taquara.

Acredito que seja o trecho de altitude mais elevado de toda a Transcarioca, pois neste dia enfrento um sobe e desce interminável por alguns dos picos mais altos do Município.

A princípio, ia descrever todo este trajeto em um único post, mas este trecho é tão longo, repleto de atrações, de pontos de interesse e  referências,  que no meio do caminho decidi dividir o artigo em duas partes, pois ele realmente estava ficando gigantesco.

Poucos teriam a paciência de lê-lo por inteiro.

Nesta primeira parte, vou abordar apenas a subida da Serrilha do Papagaio, a passagem pelo Pico da Coruja, Pedra do Urubu e Bico do Papagaio.

Na segunda, continuo descrevendo as passagens pelos Morros da Cocanha e da Taquara, e a longa caminhada pela trilha da Cova da Onça.

Os caminhantes que não estiverem com o preparo físico em dia, também podem adotar esta divisão.

Nível de Dificuldade: Muito Difícil

Justamente por este sobe-e-desce entre morros e pela distância( 8,6 Km.),este trecho exige grande condicionamento físico do trilheiro.  Passa ao lado de grandes abismos como na passagem do inferno, e por  trechos um pouco perigosos  para excursionistas menos experientes.

Como Chegar

A partir de agora, teremos uma boa sequência de trechos, onde o ponto de partida da caminhada se situa no mesmo lugar: a Praça Afonso Vizeu no Alto da Boa Vista.

As linhas de ônibus que passam pela pracinha são a 301, a 302 e 345.

Como o ponto de partida deste trecho não fica tão distante assim do ponto de chegada, existe a possibilidade de ir de carro e estacioná-lo em algum ponto intermediário, como o estacionamento do Recanto dos Pintores ou no Barracão, por exemplo.

Independente de onde você começar a caminhada, suba até o Largo do Bom Retiro, localizado ao final de Estrada dos Picos, e que constitui o ponto de partida da trilha propriamente dita.

Na subida das Estradas do Imperador e dos Picos, vamos passando por grandes atrações da Floresta da Tijuca, como a Capela Mayrink, a Sede Administrativa, o Lago das Fadas e  o Restaurante “A Floresta”.

Serrilha do Papagaio

A Trilha Oficial recomenda que subamos o Bico do Papagaio pela trilha tradicional, mas como falei no artigo anterior, dentro do Parque da Tijuca, optei por fazer algumas adaptações no roteiro.

No trecho 12, por exemplo, em vez de seguir pela trilha tradicional e mais conhecida do Papagaio, optei por subir pelo roteiro mais radical e alucinante da Serrilha do Papagaio.

Para acessar a trilha da serrilha, temos entrar na trilha dos picos, que começa no Largo do Bom Retiro, subir um trecho em zigue-zague de 300 metros até a divisão da trilha.   Para a direita temos o final do trecho 11, que conduz até o Pico da Tijuca.

Temos que seguir pela esquerda, na trilha do Bico do Papagaio.   Andando cinco minutinhos por um trecho muito curto, chegamos à outra bifurcação.  A imensa maioria dos frequentadores segue reto pela trilha oficial, e que é a recomendada pela Transcarioca.

Mas se você optar por seguir este roteiro aqui, deve seguir pela trilha mais fechada à direita.  Logo no início esta trilha atinge um tronco partido ao meio, que sinaliza o ponto onde ela se ramifica mais uma vez.

A trilha da Serrilha é a que sobe à esquerda.

Subida da serrilha

A princípio ela sobe suavemente, mas em pouco tempo somos apresentados à pesadíssima subida da Serrilha, que segue bem íngreme por um trecho de mais ou menos 400 metros, repleto de pedras e raízes, onde temos que contar com o apoio das mãos para vencer alguns obstáculos.

Vencida a subida bem cansativa, chegamos ao Alto do Santhiago, onde caminhamos no plano por um trecho curtíssimo até encontrar o ramal que conduz até o Pico da Coruja à direita.

Vale a pena fazer um bate-e-volta até este pico.

O Pico da Coruja.

O Pico da Coruja, (908 mts. de alt.) também conhecido como João Antônio, devido à um antigo proprietário de terras local, é uma das mais imponentes montanhas do Parque da Tijuca.

Seus paredões que brotam do interior do  Vale de Santa Inês impressionam e desafiam os escaladores mais experientes.

Mas pelo fato de ficar escondido entre as montanhas ao redor, é também um dos picos menos conhecidos dos visitantes do Parque.

A trilha logo começa a descer até atingir uma estreita passagem de terra, que dá acesso à subida em aclive acentuado até o pico.

Ao chegarmos ao topo, temos a sensação de conquistar uma terra intocada.

De lá temos, uma visão bem inusitada do dorso do Pico da Tijuca, da Zona Norte e da Baixada de Jacarepaguá.

Dorso do Pico da Tijuca

Vista do Pico da Coruja

De Volta à Serrilha.

Feita uma pausa para o descanso, temos que voltar por este ramal e retomar a caminhada pela Serrilha do Papagaio.

Andando 200 metros pelo terreno plano da Serrilha, a trilha bifurca mais uma vez, tendo que se optar pela esquerda.

Mais 150 metros adiante nos deparamos com outra bifurcação e mais uma vez temos de escolher a esquerda.

Em direção do Bico do Papagaio

O caminho começa a subir levemente agora até alcançarmos umas pedras, que são galgadas sem maiores dificuldades.

Ao vencer este trecho, temos uma visão completa da Serrilha com o Pico da Tijuca imponente ao fundo, e ao lado a Pedra do Conde.

Vista da Serrilha do Papagaio

Em breve alcançamos mais um mirante de tirar o fôlego: o Mirante da Serrilha, de onde podemos apreciar a vista de toda a Baixada de Jacarepaguá e do outro lado, os Morros do Urubu, do Cocanha e a Pedra da Gávea alinhados.

A trilha da Serrilha agora desce meio escondida à direita de quem retorna do mirante.  Ela desce em meio à um vale escuro, repleto de pedras e raízes onde mais uma vez temos que nos apoiar.

Após vencer este trecho, a trilha retoma a caminhada normal pela crista da serra até atingir mais um trecho técnico 100 metros adiante.     A subida continua mais acentuada a a partir daí, cruzando a floresta densa até atingir mais uma bifurcação.

A entrada da direita leva até a Pedra do Anu, que tem mais uma vista espetacular para Jacarepaguá.  Vale a pena fazer o curto desvio até esta pedra.   Neste dia em que a visitei, um urubu estava pousado sobre a pedra, admirando impassível aquela visão magnífica.

Mas ele também estava de olho em mim, e portanto teve que ceder a pedra assim que caminhei em sua direção.

Do alto da Pedra do Anu, já podia ouvir e divisar ao longe o povo infestando o Bico do Papagaio tais como carrapatos brincando de rapel.

Pessoal rapelando no Bico da Papagaio

Esses carrapatos se tornaram mais humanos  do ponto de vista da Pedra do Urubu, atingida depois de retornar à trilha principal e continuar a caminhada.

O Bico do Papagaio está muito próximo e até seria possível travar um diálogo com que estivesse neste pico.

Bico do Papagaio com a Barra ao fundo

Do alto da Pedra do Urubu, podemos ver claramente porque a montanha vizinha tem este nome. Sua semelhança com o bico da ave é grande.

Chegando ao Bico do Papagaio

Resta descer um pequeno trecho e contornar a encosta até chegar à base do Bico.  Nesta plataforma aterrizam quem desce do pico rapelando.

Agora, situado à direita de quem chega nesta base, está a temida Passagem do Inferno, que dá o acesso ao Pico.

A passagem tem que ser feita se agachando na fenda, situada  ao lado de um abismo.

Passagem do Inferno

Vencida a difícil passagem, o trilheiro tem de virar à sua esquerda e subir por outra fenda que conduz até o alto do Bico do Papagaio.

Paredão do Papagaio

Segunda montanha mais alta do Parque Nacional da Tijuca com 989 mts. de altitude, o Bico do Papagaio, era conhecida pelos índios Tupinambás como “Dente dos Espíritos“.   Eles acreditavam que o local era habitado por maus espíritos e por isso, evitavam a região.

Do alto do Pico temos uma das visões mais abrangentes de toda a Transcarioca: Destaca-se no horizonte, a imponente imagem do Pico da Tijuca, que reina absoluto entre os picos mais baixos como o Anhanguera e a Pedra do Conde.   Do outro lado, vemos a Serra da Carioca, as Pedras Bonita e da Gávea, o vizinho Morro da Cocanha, a imensa restinga da Barra da Tijuca com suas lagoas, toda a Baixada de Jacarepaguá, o Maciço da Pedra Branca, Bangu e Realengo e partes da Zona Norte da cidade.

Pico da Tijuca visto do alto do Bico do Papagaio

Realmente uma visão de tirar o fôlego.

Vista do Bico do Papagaio

O pico também é muito procurado pelos praticantes de rapel, que descem pelo outro lado do pico.  Aliás, eles e os escaladores são os únicos que tem acesso ao ponto culminante do Pico, situado numa pedra rombuda de difícil acesso.

Para ter uma ideia do que estou falando, dê uma olhada na visão em 360 º abaixo.

Visão em 360 º do Bico do Papagaio

Depois de uma boa parada para o descanso, sigo em frente, afinal este dia caminhada ainda não chegou nem na metade, e ainda temos dois picos para visitar e uma longa caminhada pela trilha da Cova da Onça.

Floresta da Tijuca

Descendo o Bico do Papagaio

O próximo objetivo está bem na nossa frente: o Morro da Cocanha, que além de vizinho é apenas 7 mts. mais baixo do que o Papagaio.

Cocanha visto do alto do Bico do Papagaio

Desci cerca de 200 metros por trilha bem acidentada e íngreme. Por causa da grande declividade e fluxo de pessoas, o acesso final ao Papagaio, foi alvo recentemente de obras de contenção, para diminuir o efeito da erosão na trilha e nas encostas adjacentes.

Chegando ao final desta subida, temos uma encruzilhada com duas opções: à esquerda temos o retorno para o Bom Retiro pela trilha oficial.   Se já estiver bem cansado e sem pique para continuar este trecho desgastante, desça por aí.

Os que estão com o “físico em dia” podem seguir em frente pela trilha que começa a subir rumo ao Cocanha.

Continuarei  a descrever como prosseguiu esta aventura no próximo artigo.

Mapa completo do Trecho

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