Vista do Morro Queimado

Morro Queimado, Pedra da Proa e Vale da Gávea Pequena. (15º dia de Transcarioca)

Atrações

Enfim, saímos do setor A e atravessamos para o setor B da Floresta da Tijuca, onde está localizada a Serra da Carioca com suas atrações intensas como a Vista Chinesa e o Corcovado.

Neste 15º dia do circuito atravessei a praça Afonso Vizeu e subi um trechinho da Estrada do Redentor para iniciar a trilha que passa por alguns dos mirantes mais espetaculares de toda a Transcarioca como o do Morro da Freira, do Morro Queimado e da Pedra da Proa.

A variedade cênica é o ponto alto do dia, mas as atrações históricas não ficam muito para trás, pois na segunda metade do passeio, passamos por algumas das represas históricas do Vale da Gávea Pequena e pelas imponentes ruínas daquela que um dia foi a maior fazenda de café do Brasil.

Nível de Dificuldade: Moderado

O Morro mais alto a ser visitado neste dia é o Queimado com 719 mts. de altitude e a subida até ele é bem suave. Depois no Vale da Gávea Pequena, alternamos longos trechos planos com descidas.

Apenas o trecho que liga a Mesa do Imperador até o Circuito Eduardo Vianna requer um pouco de atenção em relação à orientação.

Como Chegar

Siga as mesmas orientações para chegar aos trechos anteriores, parando na Praça Afonso Vizeu. Só que desta vez, ao contrário de subir pela Estrada da Cascatinha, atravesse a Avenida Edison Passos, caminhe em direção à Barra e entre na primeira rua à esquerda.

Essa é a Rua Amado Nervo, que dá acesso à Estrada do Redentor.

Logo que passar pela guarita de entrada do parque, você avistará à direita a escadaria de madeira que dá acesso à trilha.

Morro da Freira

A trilha sobe os 300 metros inicias num ziguezague com declive bem acentuado.

Vencido este lance, a trilha chega num platô e faz uma curva à esquerda para atingir a cumeeira da serra. Logo que atingimos este platô, somos presenteados com um pequeno mirante, onde de um lado podemos apreciar as grandes montanhas do Parque da Tijuca de um ângulo pouco comum, e do outro já podemos vislumbrar nosso primeiro objetivo: o Morro da Freira encoberto por densa vegetação.

Morro da Freira

Depois desse mirante, a trilha segue acompanhando a vertente por cerca de 500 metros.  Nos trechos iniciais avistamos de vez em quando entre a folhagem a Zona Norte da cidade.  Repare já neste ponto, que o solo é muito arenoso, característica que irá prevalecer até a Pedra da Proa, e que garante à este trecho uma vegetação bem peculiar.

A trilha adentra uma área de mata mais fechada e chega até a subir um pouco, quando surge uma bifurcação.  O caminho que prossegue em frente está desativado e corta caminho até o Morro da Boa Vista.  Devemos seguir pelo caminho mais aberto à direita.

A trilha segue contornando a vertente por 400 metros até chegar numa barranco gigantesco aberto recentemente por um grande temporal.  Por um triz, a trilha não foi engolida por este barranco.

Barranco

Do outro lado a trilha continua serpenteando a serra por 500 metros, sempre mantendo a mesma altitude, até encontrar uma bifurcação importante.

O caminho da esquerda continua a travessia da Serra da Carioca e conduz até os Morros da Boa Vista e Queimado.

O ramal da direita, que deve ser o caminho a ser escolhido nos conduz até o espetacular Mirante do Morro da Freira e não pode deixar de ser visitado.

Este ramal mede outros 500 metros de distância e também mantém mais  ou menos a mesma altitude, só descendo no finalzinho, quando atingimos o Mirante.

O Morro da Freira proporciona um visual de tirar o fôlego do Maciço da Gávea e de partes da Barra da Tijuca.  Belas fotos estão garantidas aí.

Mirante da Freira

Barra da Tijuca vista do Morro da Freira

Morro da Boa Vista e Morro Queimado.

Voltamos pelo mesmo ramal e continuamos agora pela trilha que sobe pela vertente da Serra.

Neste trecho de 600 metros de subida até o Morro da Boa Vista, a passagem é estreita e vez ou outra nos deparamos com vistas entrecortadas da cidade à esquerda e à direita.

Quando chegamos ao topo do Morro da Boa Vista, a decepção é grande.  Apesar do nome, o morro não oferece vista alguma, é coberto por densa vegetação e deve seu nome apenas ao bairro onde está localizado.

Só depois de passado um bom tempo desde o cume é que se descortina uma pequena vista à esquerda para os bairros da Zona Norte e à Baia de Guanabara.  Mas não chega a constituir um mirante e não faz justiça ao nome do morro.

Morro da Boa Vista

A trilha agora continua acompanhando por 900 metros a estreita linha de cumeada da serra, onde as altitudes caem para os dois lados.   A princípio ela desce bastante e depois sobe para atacar o Morro do Queimado.

Morro da Boa Vista e Morro Queimado

Faltando 400 metros para atingir o cume do morro, passamos por uma placa informativa da Transcarioca.  Essa placa seria algo impensável há apenas alguns anos atrás, já que antes da Transcarioca, a trilha que liga os Morros Queimado, Boa Vista e da Freira era uma das mais fechadas e intransponíveis do parque; mas hoje todo o percurso pode ser completado em apenas 40 minutos de caminhada!

Placa Informativa da Transcarioca

O grande sinal de que o cume do Morro se aproxima é que o solo da trilha vai sendo dominado por um cascalho acizentado.   A trilha vai contornando o cume do morro até atingir o primeiro Mirante voltado para a Zona Norte e o setor A da Floresta.

Assim como o Morro da Boa Vista, hoje em dia o Morro Queimado com seus 719 mts. de altitude, não faz jus ao nome.  Em épocas normais você não vai encontrar lá encima matas incineradas pelo fogo, mas este cenário era comum no século XIX, quando era cercado por fazendas de café, e as queimadas praticadas por lá frequentemente cruzavam os limites das fazendas e subiam até o topo do Morro.

Mas faria mais sentido se chamasse Morro da Boa Vista, pois o cenário visto lá de cima é realmente de cair o queixo! Na relação dos mirantes mais espetaculares da Transcarioca,  concedi a este mirante a medalha de ouro!

Corcovado e Pão de Açúcar a partir do Morro Queimado

É claro que as imagens valem mais do que mil palavras, mas vou ressaltar o porque deste título.

O Morro Queimado está bem posicionado e tem um panorama que abarca as Zonas Oeste, Norte e Sul.

De lá vemos os dois principais cartões postais do Rio: Corcovado e Pão de Açúcar alinhados através de um ângulo único.

Corcovado e Pão de Açúcar vistos do Morro Queimado

Do outro lado temos uma vista ímpar do tapete verde da Floresta da Tijuca, com o Morro Dois Irmãos e o Maciço da Gávea ao fundo.

Maciço da Gávea ao fundo

O Mirante voltado para a Pedra da Gávea, por sinal é o último, localizado no início da trilha que conduz até a Pedra da Proa.

Descida até a Pedra da Proa e Mesa do Imperador.

A trilha a partir deste mirante começa a descer vertiginosamente por um terreno bem arenoso e escorregadio. É uma bela trilha onde a todo o momento descortinamos mirantes em ambos os lados.

Seguimos descendo até chegarmos à curiosa formação da Pedra da Proa, que se projeta sobre o abismo.  Justamente por este motivo não é aconselhável que se suba nela para tirar fotos, já que uma queda poderia ser fatal.

A proa deste navio imaginário se projeta sobre a Zona Sul da cidade.

Pedra da Proa

Após a proa, temos que vencer um trecho um pouco técnico, onde o uso dos pés e mãos é necessário, mas uns grampos presos à rocha facilitam a empreitada.

Depois deste lance subimos até o Alto do Pai Ricardo de onde também avistamos a Zona Sul e logo depois caímos numa descida vertiginosa de 200 metros pela Serra da Carioca.

Vista do Alto do Pai Ricardo

Desço que nem uma bala até atingir um caminho bem aberto e plano, que conduz até a Mesa do Imperador.

Virei à direita e caminhei mais 500 metros por esta planície até sair na famosa Mesa onde o imperador D.Pedro II fazia seus piqueniques com a família.

Atravesso a estrada, subo um pouco em direção ao Alto da Boa Vista e entro na pracinha à esquerda.

Ir ou não ir até a Pedra da Gávea: eis a questão.

Aí sentado em um de seus banquinhos, caio em dos mais terríveis dilemas que enfrentei nesta aventura da Transcarioca.

O trajeto e a sinalização oficiais indicavam que o circuito continuaria pela trilha que sai à esquerda da praça e desce direto para a Zona Sul.    Esse é de longe o trajeto mais simplificado e direto, mas em breve me levaria até o problemático trecho 19 que liga as Paineiras ao Corcovado e ao Parque Lage.   Nessa época choviam relatos quase que diários de assaltos ocorrendo nesta trilha.

Aí surgiu a idéia de incorporar a Pedra da Gávea à minha aventura, e com isso adiar ao máximo a ida ao Corcovado, aguardando um momento mais favorável para percorrer aquele trecho.

Conforme, o leitor que acompanhar este blog  irá ver em futuras postagens,  outros contratempos sérios e da mesma natureza acabaram por frear ainda mais o meu avanço pela Transcarioca; mas naquele momento achei que esta decisão de visitar o Maciço da Gávea era a mais acertada.

Me lembro muito bem, quando tive a oportunidade de conversar com idealizador do circuito: o Pedro da Cunha e Menezes, tinha feito a observação de que achava uma falha grave que a Transcarioca não passasse pelas Pedras Bonita e da Gávea, ainda mais levando em consideração que elas estavam inseridas na descrição inicial do trajeto no livro: Todos os Passos de um Sonho.

Ele então alegou o seguinte: que a implementação da Trilha Transcarioca tinha sido resultado de muitos anos de lutas e de árduas negociações com órgãos ambientais e parques por onde passaria a trilha.

Que a inauguração e concretização deste eixo principal que atravessava o Município já era uma grande vitória depois de tantos avanços e recuos.

O importante era ter algum eixo concreto e realmente sinalizado que interligasse os parques, e depois, aos poucos ramais e mini-circuitos poderiam ser acrescentados ao tronco principal da Transcarioca, deixando-a cada vez mais complexa e rica em atrações.

Concordei plenamente com estes argumentos, mas naquele momento em que eu estava vivendo aquele dilema, não tinha como esperar por esta Transcarioca ideal do futuro.   Tinha que arriscar, mesmo não sabendo ao certo como faria para chegar até a Pedra da Gávea por trilhas e como voltaria até a Zona Sul por um caminho diferente.

Tinha de memória pela leitura do livro “Todos os Passos de um Sonho” e pelas várias trilhas que tinha pesquisado no Wikiloc, que havia sim a possibilidade de realizar um circuito muito interessante neste sentido.

Caberia a mim realizar estas pesquisas e colar todas as peças deste quebra-cabeças.

Portanto tomei a decisão de entrar pela trilha que sai mais à direita da praça e rumei em direção ao Vale da Gávea Pequena.

Circuito Eduardo Vianna e Ruínas do Moke.

Na primeira parte da minha aventura até a Gávea, eu sabia o caminho que deveria seguir.

Desci 600 metros de distância por uma trilha meio fechada com muitos troncos caídos pelo chão, com a mata vez ou outra obstruindo o caminho, mas que mantinha o traçado bem definido.

Até que cruzei a trilha Eduardo Viana: um caminho plano e bem mais aberto, que interliga nove represas históricas construídas em 1876 para abastecer todas a região do entorno.

Não tinha como visitar todas essas represas, e como elas são muito parecidas entre si, virei à esquerda para visitar apenas quatro delas.

Inicia-se um belo passeio pela exuberante Floresta da Gávea Pequena, onde os raios de Sol atravessam os bambuzais para iluminar o silêncio da Vale.

Caminho Eduardo Vianna

A partir de agora são 1300 metros de agradável caminhada pelo interior da mata, onde cruzamos quatro dessas represas mantidas pela CEDAE.

Represa da CEDAE

O maior intervalo entre elas é o que separa as de número 7 e 8, afastadas por 600 metros.  No meio deste trecho nos deparamos mais uma vez com um grande deslizamento de terra que quase engoliu por inteiro a trilha.

Chegando na última represa, temos que pegar um trilha que desce à direita.   Do outro lado, parte quase que desapercebida uma trilha bem íngreme e precária que sobe até o Morro do Cochrane.  Haveria também a possibilidade fecharmos esse anel da Transcarioca, subindo por esta via.

Última Represa do Circuito Eduardo Vianna

Mas antes de visitar o Cochrane, tenho que passar pela a Pedra da Gávea.

Então, retomando a descida, com 200 metros, você irá atravessar uma cerca.  Logo em seguida irá surgir à sua direita um pequeno tanque de pedra e do outro lado o primeiro conjunto de ruínas do complexo do Moke.

Ruínas

Depois o caminho continua descendo por mais 200 metros até que cruza dois rios. Vencido o último rio, entramos no imponente complexo de ruínas da Fazenda Nassau, que foi considerada a mais produtiva fazenda de café do Brasil no século XIX.

O mais impressionante de todos os sítios arqueológicos da Floresta da Tijuca, estas ruínas envoltas pela mata atlântica, são os últimos resquícios da fazenda que era propriedade do holandês Charles Alexander Van Mooke.

Ruínas do Moke

Ele trouxe da Holanda técnicas inovadoras no cultivo de café, e sua propriedade chegou a ter 100 mil pés de café, que eram cultivados por centenas de escravos.

Hoje o silêncio absoluto da Floresta enterrou por completo a agitação da Fazenda naqueles tempos. Podemos ver o que restou da Casa Principal, do moinho e de outras edificações.

Ruínas da Casa Grande

Para sairmos do complexo de ruínas, temos que atravessar o riacho que movia o moinho e pegar a trilha que continua do outro lado. Siga sempre em frente ignorando a subida em diagonal que parte à direita.

Na próxima bifurcação há uma placa precária indicando a saída à direita.  Existe a possibilidade da trilha que sobe a esquerda de sair mais próximo da subida para a rampa do voo livre da Pedra Bonita.  Não conheço este caminho, mas acho pouco provável isso, já que praticamente toda a Estrada da Pedra Bonita é tomada por residências.

Logo em seguida toma-se o caminho da esquerda, que dentro de 300 metros vai dar numa mureta. Basta contorná-la que você irá sair no Caminho do Córrego Alegre, que é onde termina a nossa jornada.

Para voltar ao Alto da Boa Vista, basta ao final do caminho, virar à esquerda na Estrada da Gávea Pequena e sair na residência oficial do Prefeito do Rio.  De lá temos a opção de voltar para o Alto da Boa Vista ou descer para São Conrado.

Tracklog da trilha

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