Travessia Grota Funda – Cambugui (3º dia da Transcarioca)

Nível de dificuldade:  Difícil

Este certamente é um dos trechos mais difíceis da Transcarioca.

 

Neste dia, o excursionista deve estar bem preparado fisicamente e levar muita comida e água, pois a Travessia Grota Funda – Cambugui percorre o cume de nada mais nada menos que seis morros: da Ilha, Boa Vista, do Francês, Morgado, Toca Pequena e Toca Grande, numa verdadeira montanha-russa selvagem.

 

Apesar de relativamente baixos a subida acumulada destes morros é bem desgastante.

Além disso, apesar de ter sido limpa recentemente para a passagem da Transcarioca, esta trilha atravessa uma das áreas mais selvagens do Parque da Pedra Branca, e em muitos pontos a vegetação cerrada praticamente fecha o caminho, sendo bem aconselhável que o visitante leve um facão e traje calças compridas leves.

 

Nem pense em transitá-la se você sofre de aracnofobia ou algo parecido, pois no caminho  irá se deparar com muitas, mas muitas aranhas mesmo.   Centenas delas, cujas teias irão se enroscar no seu corpo se não estiver com um mínimo de atenção.

 

Mas elas não são nenhum pouco perigosas. Quem lhe pode causar um pouco de incômodo são os bilhões de formigas ferozes que seguem as suas próprias trilhas nos meio da floresta.

 

Preste muita atenção para não pisar na passagem delas, pois em questão de segundos de desatenção milhares podem subir nos seus pés com suas ferozes ferroadas.

 

Atrações

É preciso frisar no entanto que apenas os bem desatentos terão problemas com estes animais peçonhentos e a fauna desta região também é repleta de belas mariposas, borboletas e pássaros; sem falar é claro da beleza da vegetação selvagem.

Os desbravadores desta área também terão como prêmio belos e inusitados mirantes numa região quase intocada do Rio de janeiro.

 

 

Como chegar

O caminho para chegar ao início deste trecho é o inverso do utilizado no final da Travessia Grumari – Grota Funda.  Como a transcarioca é uma trilha contínua, todos os trechos vizinhos compartilharão os mesmos caminhos de saída/entrada, é claro!

 

Você deve pegar o BRT parador da linha Alvorada – Mato Alto e saltar na estação do Pontal antes/depois do túnel da Grota Funda, dependendo do sentido em você venha.

 

Existe uma longa subida a ser percorrida pela avenida das Américas até o alto da Grota Funda. Como eu falei no post anterior,  existe uma linha de ônibus que sobe até lá, mas ele demora tanto, que acho nem vale a pena esperar. É melhor encarar a subida a pé mesmo.     Por sorte no dia em fiz este trecho, logo no início da subida, um motorista bem bacana me ofereceu carona até o alto do morro, me polpando do tempo e do desgaste que seria perdido nesta caminhada.

 

 

Começando a trilha.

Ao chegar no ponto mais alto da Avenida das Américas, entre à direita na estrada da Grota Funda. Aí você já encontrará marcada num poste a primeira pegada da Transcarioca.

Logo surge uma entrada à direita onde há algumas casas e carros estacionados.

 

Você irá se deparar com um portão de ferro, que está apenas encostado. Há uma placa dizendo que a entrada é proibida, que a propriedade é privada, etc e tal, mas te garanto que nada irá lhe acontecer se seguir estritamente a sinalização da Transcarioca que surge do outro lado do portão.

 

Logo no início da trilha à uma entrada à esquerda, que dá acesso à umas torres de transmissão. Não entre aí!

 

A trilha segue em frente subindo até o ponto em que a região do Recreio e Vargem Grande aparece entre as folhagens do capinzal.

 

Neste trecho, o matagal alto cobre boa parte da trilha. É recomendável o uso de um facão para abrir ainda mais o caminho, que vai aos poucos fazendo uma grande curva para a esquerda até chegar nas ruínas de uma casa.

 

Daí até o alto do Morro da Ilha (436 mts. de altitude) , que é a primeira elevação do trecho,  são mais 600 metros de subida íngreme a serem vencidos.  Na subida cansativa, você irá passar por uma pedra rachada, que é o sinal de que está no caminho certo.

 

Do alto do morro nada se vê, mas constitui um excelente ponto para o primeiro descanso depois da subida desgastante.

Muito cuidado no alto do morro, pois há uma tendência em seguir em frente, mas a transcarioca desce agora à direita em meio à mata fechada.

 

Este é o primeiro trecho de descida, que passa por um tronco caído, que deve ser transposto. Após 500 metros de descida desde o alto da Ilha, surgirá uma bifurcação.  Mais uma vez a tendência será a de seguir em frente subindo o morro, mas este deverá ser contornado pela esquerda.

 

Em seguida mais um cruzamento! Siga descendo pela direita.   Quase no final da descida surgirá mais uma entrada à esquerda. Siga subindo em frente pela curta subida do Morro da Boa Vista.

 

Logo no início da subida do Morro, você entenderá porque ele tem este nome.  Surge uma grande clareira à esquerda. Sinal de que estamos próximos do mirante deste morro. Deve-se varar um pouco de mato e galgar umas pedras até atingir a bela e esquiva paisagem, mas vale a pena! De lá se descortina toda a vista da região de Guaratiba e Sepetiba com a Restinga de Marambaia ao fundo!

Voltando à trilha e seguindo em frente, subimos mais um pouquinho até o cume propriamente dito do Morro da Boa Vista, que está a 341 m. de altitude.

 

Deste ponto são mais 800 metros de mais uma sequência de descida e subida até o próximo morro que é o do Francês. ( 347 metros de altitude). Logo no cume do morro surge uma bifurcação que pode confundir. Escolha a opção da direita.

 

Do alto deste morro e do próximo que é o Pico do Morgado (402 mts. alt.) e que está 500 metros adiante dali não se vê nada.  O próximo mirante se localiza justamente na descida deste e é voltado para a região da Vargem Grande.  Daí temos uma bela visão dos picos mais altos do Maciço da Pedra Branca e do Tijucano mais ao fundo.

Após este mirante o caminho se curva para a esquerda e logo atinge o Caminho do Morgado. Este caminho é largo o suficiente para a passagem de motocicletas e de cavalos.

 

Se você já estiver cansado à esta altura, pode parar o passeio por aqui e descer pela direita até a Estrada do Morgado que desemboca na Estrada dos Bandeirantes em Vargem Grande ou ir pela esquerda e percorrer um caminho um pouco mais longo até a Ilha de Guaratiba.

 

Mas o 3º trecho ainda não terminou aqui!

Se ainda tiver fôlego, siga pelo caminho à frente que sobe em meio ao bananal e que conduz aos dois últimos morros desta serra.

 

 

Rumando aos Morros das Tocas.

Do fundo do vale por onde passa o caminho do Morgado até o alto do Morro da Toca Pequena (447 mts. alt.) são cerca de 800 metros de subida à princípio bem íngreme e que depois se suaviza.

 

Este morro é cercado por uma bela vegetação e tem algumas pedras onde é possível sentar descansar da longa e cansativa jornada até aqui.

 

Agora a trilha segue um pouco pelo platô do morro e desce por cerca de 400 metros até alcançar o caminho da Toca Grande que é um pouco mais aberto.

Caminhe por mais 200 metros por este caminho e fique muito atento agora pois chegará à um ponto crítico!

 

À sua direita vai surgir um caminho mais estreito que sobe em diagonal rumo à direção nordeste e que pode passar completamente desapercebido, pois no dia em que percorri este trecho não havia nenhuma placa indicando que o caminho era por ali, pois não há grandes  troncos de árvores no local.  Só havia uma marcação zebrada pintada em amarelo e preto sobre os caules da vegetação e que não chamavam muito a atenção.

 

Só percebi que iria pelo caminho errado quando notei que o caminho mais largo começava a descer e que contrariava totalmente a informação apresentada pelo mapa.  Veja a  tremenda importância de se guiar por um!

 

O caminho faz um longo ziguezague até chegar a mais uma bifurcação. Vire à esquerda e suba pelo trecho mais íngreme e cansativo do dia.  A subida pesada se justifica porque o Morro da Toca Grande é o último e mais alto da sequência de seis elevações do dia com seus 577 mts. de altitude, e deve seu nome à uma pequena gruta localizada no alto do seu platô.

 

Como que para compensar o intenso cansaço deste dia, somos presenteados nesta elevação com um belo mirante que surge à esquerda da trilha de onde podemos apreciar boa parte da zona Oeste, além da Ilha Grande e da Serra do Mar.

Pronto! Chegamos ao ponto culminante deste trecho e agora até o final o excursionista só encontrará descidas!

 

Mas não pense que os problemas acabaram.  A partir de agora, o excursionista irá encontrar em sequência, três pontos muito críticos em matéria de sinalização.

 

Pode ser que no dia em que o leitor estiver lendo estas linhas, a equipe de manutenção da Transcarioca tenha sanado estes problemas, mas vale a pena relatá-los aqui.

 

Logo na descida do Morro da Toca Grande nos deparamos com uma vasta área de capim colonião que praticamente encobre a trilha. Há apenas uma estacas zebradas que surgem de vez em quando para indicar que você está no caminho certo.

 

Vencida esta parte delicada, surgirão duas bifurcações em sequência e em ambas o trilheiro deve optar pela direita!

 

O caminho agora desce vertiginosamente em meio à um bananal onde se passa muito tempo até se encontrar outra marcação de pegada! Não se preocupe se aí ficar mais de 5 minutos sem ver a sinalização da Transcarioca, mas tiver com a sensação de que ainda esteja no caminho certo.  Afinal, apesar da incerteza, não me lembro de ter cruzado com outros caminhos ao longo  deste trecho.

Depois de encontrada a pegada, são cerca de 300 metros até outro ponto crítico que é o Rio da Cachoeira.

 

Você pode até encher os seus cantis no rio, mas não o atravesse, a não ser que ainda tenha pique para emendar com o 4º trecho da Transcarioca, afinal nosso longo e cansativo dia termina por aqui.

 

Logo antes deste rio há uma rota de saída para Vargem Grande, mas também não há nenhuma placa indicando esta informação no local.  Só sabia que a saída era por aí por que o mapa estava indicando isto.

 

Também não há nenhuma sinalização neste braço de saída, mas basta seguir sempre o caminho principal e não entrar em nenhuma propriedade para chegar à Vargem Grande.

 

Este caminho volta a encontrar e cruzar o  Rio da Cachoeira um pouco mais abaixo e atravessa um grande bananal.

 

Essa descida segue suavemente por cerca 1,1 Km em meio à uma área rural até se chegar numa grande pedra rachada, onde está desenhado um imenso candelabro.   Esta pedra se projeta sobre a mata e é bastante ampla, ideal para descansar e recarregar as energias.

Daí até o caminho do Cambugui, são mais 700 metros de uma descida cada vez mais acentuada numa estrada que vai se alargando cada vez mais, até terminar em frente à uma casa em meio à da floresta.

 

Neste ponto, você poderá optar por qualquer uma das duas opções:

Se for pela esquerda, logo sairá numa estrada com muitas residências e deverá entrar à direita no Caminho da Cachoeira e seguir sempre adiante até chegar na Estrada dos Bandeirantes.

Se for pela direita, também sairá no mesmo local, só que por um caminho mais indireto: deverá atravessar o rio da Toca, virar à esquerda numa curta trilha que sai na Estrada da Toca Grande, que por sua vez desemboca no Caminho do Morgado, que também sai na Estrada dos Bandeirantes.

 

Atualização de dezembro de 2017.

Vou manter o relato do que presenciei neste trecho e nos demais intacto, mas pelo que andei acompanhando nas redes sociais, muitas das deficiências da sinalização aqui descritas, foram sanadas posteriormente pela equipe de manutenção da trilha.    É natural que a sinalização se deteriore com o tempo ou seja alvo de vandalismo, etc…   O trabalho de manutenção e reparos dos voluntários tem sido permanente.

 

 

Faça o download do Tracklog deste trecho, clicando no link abaixo:

Para o download do mapa para uso off line, clique no link abaixo:

Mapa Trecho 03 da Transcarioca