Trilha da Pedra do Conde, Morro do Anhanguera e Cachoeira das Almas (13º dia da Transcarioca)

Atrações Principais

Mais uma vez não segui a indicação da sinalização oficial da Trilha Transcarioca, e resolvi dar um passeio bem agradável  e inusitado pela Floresta da Tijuca.       Percorri a trilha da Pedra do Conde, fiz uma visitinha ao Alto da Bandeira e à Pedra da Caixa, depois subi o Morro do Anhanguera e a colina do Felizardo, retornando pelo Vale da Caveira até a Cachoeira das Almas, onde parei para tomar um banho refrescante e recarregar as energias após esta longa caminhada.

 

Todo este conjunto de montanhas apresenta alguns dos melhores visuais da Zona Norte do Rio de Janeiro.

 

Todo este roteiro mais o circuito das Grutas, que continuaria no trecho seguinte, formaria um trajeto em looping totalmente integrado ao circuito oficial da Transcarioca.

 

Nível de dificuldade – Moderado

Essas trilhas são bem acessíveis, se localizando próximas ao portão de entrada do Parque.  Além disso, não há qualquer grande dificuldade técnica neste trecho.    Antigamente um pequeno trecho em escalaminhada no final da trilha do Conde poderia intimidar os mais inexperientes, mas hoje uma sequência de vergalhões facilitam bastante a transposição do lance.

 

Como Chegar

Siga os mesmos passos do trecho anterior.  Se for de ônibus, pegue o 301, 302 ou o 345 e salte na Praça Afonso Vizeu.  Suba a pé pela estrada até o local conhecido como Playground localizado atrás da Capela Mayrink.

 

Se for de carro, é indicado estacioná-lo num ponto intermediário entre o início e o final da caminhada.   O Barracão ou o Recanto dos Pintores seriam os pontos mais indicados.   Depois é só voltar um pouco a pé até a Capela e procurar o Playground.

 

 

Subida do Alto da Bandeira.

Chegando até o playground, há uma escadinha que conduz até um vasto estacionamento de terra batida.   Ao final dele há um larguinho com churrasqueiras.   Ele costuma ficar ocupado nos finais de semana.

Pois aí se inicia a nossa caminhada.  Há uma série de placas indicando o caminho do Alto da Bandeira, do Conde e do Anhanguera.

 

É só subir pela trilha bem definida que a princípio faz um zigue-zague.

 

Quando avistamos algumas casas a direita da trilha, ela dá uma grande guinada para a esquerda.

 

E assim ela sobe suavemente neste zigue-zague por 400 metros até encontrarmos a primeira bifurcação importante.

Início da trilha da Pedra do Conde

As placas estão lá indicando que o caminho do Alto da Bandeira que fica à direita.

 

Subimos um pequeno trecho até o Morro do Areão, que tem esse nome pelo terreno predominante em seu cume.

 

Logo depois há uma pequena descida e a subida é retomada até o Alto da Bandeira 100 metros adiante.

 

Essa elevação de 563 metros de altitude, tem esse nome, porque toda a vez que D. Pedro I visitava a residência do Conde Gestas, este mandava erguer a bandeira do Império no mastro localizado em seu cume.

Vista do Alto da Bandeira
Vista para Tijuca e Centro

Do alto deste morro temos uma surpreendente vista da Tijuca e arredores de um lado, e do Alto da Boa Vista e da Barra da Tijuca do outro.

Maciço da Gávea visto do Alto da Bandeira

Trilha da Pedra do Conde e da Pedra da Caixa.

Tive que voltar por este curto ramal e retomar o caminho que conduz até as Pedras do Conde e da Caixa.

 

Depois da bifurcação, subi mais uns 100 metros pela trilha que continua em frente até que ela faz uma ligeira curva para a direita.

 

Começa aí um longo trecho de subida em aclive bem suave de aproximadamente 500 metros de extensão.

Subida da trilha da Pedra do Conde

Logo no início deste trecho volta a aparecer aquele terreno arenoso, onde predomina uma vegetação mais retorcida e espaçada.  É possível vislumbrar à esquerda os picos do Papagaio e do Cocanha, visitados no trecho anterior.

 

Após a metade deste trecho, a subida vai aos poucos aumentando o seu grau de declividade e a vegetação mais fechada típica da Mata Atlântica volta a dominar.

 

Ao final desta subida quase em linha reta, chegamos à uma segunda bifurcação que requer muita atenção.

 

À direita nos leva até as Pedras da Caixa e do Conde e é por aí que segui minha caminhada.

 

Na retorno deste bate-e-volta, seguiremos pela esquerda rumo até o Morro do Anhanguera e Mirante do Excelsior.

 

A trilha que se segue daí até o Conde é mais íngreme do que a parte inicial e vai subindo a encosta num zigue-zague que parece não ter fim.  Muitas pedras tem que ser galgadas pelo caminho.

 

Por todo este trecho íngreme, há uma encosta íngreme que pende do lado direito.  É preciso ficar muito atento quando a trilha faz uma curva acentuada para a esquerda ao mesmo tempo em que à direita aquela encosta some e dá lugar a uma vertente plana.

Bifurcação entre as Pedras do Conde e da Caixa

Neste ponto meio mascarada pelo matagal começa à sua direita a trilha da Pedra da Caixa.  Não há nenhuma sinalização indicando este início, fazendo com que a Pedra da Caixa seja ao mesmo tempo  uma das montanhas mais acessíveis e mais desconhecidas da Floresta da Tijuca.

 

O caminho até lá é relativamento curto com no máximo 300 metros de extensão.   Há um pouco de mato fechando o caminho no início, mas logo a trilha se torna mais definida.

 

A trilha sempre acompanha a linha de cumeada do Morro e chega até a descer um pouco.

 

Num certo momento vai aparecer um mirante voltado à sua direita com bela visão da Pedra da Gávea, Barra da Tijuca, Bico do Papagaio e o dorso da Pedra do Conde.

Pedra da Gávea vista da Pedra da Caixa

Após esse mirante a trilha se fecha um pouco novamente, mas o melhor ainda está por vir.

 

O mirante principal da Pedra da Caixa está logo adiante, e de lá temos uma das visões mais completas da Zona Norte, com a Usina e a Muda aos nossos pés, e ao fundo a Tijuca, o Maracanã e o Centro da cidade.

Vista da Pedra da Caixa

De lá também temos uma ótima visão do restante da Zona Norte e da Baia de Guanabara.

Maracanã visto do alto da Pedra da Caixa

 

Uma visitinha até a Pedra do Conde.

 

Meu passeio não estaria completo se não visitasse a vizinha mais alta da Pedra da Caixa, por isso após uma pausa para fotos e um lanche reforçado, voltei pelo mesmo ramal e retornei até a trilha da Pedra do Conde.

 

Fiz aquela curva a esquerda e logo me deparei com o trecho de escalaminhada que é vencido sem maiores problemas.

 

Aqui se inicia a parte de subida mais pesada de toda a trilha, afinal estamos no ataque final à Pedra do Conde, que tem uns 200 metros de extensão.

 

O cume da Pedra do Conde é bem amplo. Lá encima há uma mini trilha circular que interliga um conjunto de três mirantes.

Pedra da Gàvea vista da Pedra do Conde

Um está voltado para a zona Sul e Pedra da Gávea, o outro  para a Tijuca, Maracanã e arredores e o terceiro voltado para o Grajaú, Cachambi, zona Leopoldinense e Baía de Guanabara.   Enfim, uma visão em 360 graus no seu conjunto.

Vista da Pedra do Conde

A Pedra do Conde tem 817 mts. de altitude.  No passado era conhecida como Pedra Redonda por seu formato óbvio, mas depois alteraram seu nome em homenagem ao mesmo Conde Gestas mencionado lá encima no início do post.

Ele era francês e viveu próximo à Cascatinha durante o Primeiro Reinado.    Na sua Fazenda da Boa Vista, foi o pioneiro do cultivo de café no Maciço da Tijuca.

 

O negócio deu tão certo, que a ele se seguiram dezenas de cafeicultores que se estabeleceram nos vales da Tijuca.

 

Depois com o tempo, o nome da sua fazenda acabou batizando todo o bairro que foi crescendo ao redor.

 

Rumo ao Morro do Anhanguera

Mas tenho que visitar também o Morro do Anhanguera e outros atrativos e desço rapidinho pelo íngreme ramal que dá acesso à Pedra do Conde, retornando à mesma bifurcação sinalizada mencionada acima.

 

O caminho a escolher agora é o da sua direita, indicada pela placa do Morro do Anhanguera.

 

Após 100 metros surgirá uma trilha que desce à esquerda e deve ser ignorada. Continue em frente.

 

A trilha agora vai contornando a Pedra do Conde numa série de subidas e descidas.  Com 400 metros de caminhada desde a última bifurcação, vai surgir outra trilha que dessa vez sobe à direita até o Paredão do Conde.

 

Ignore-a e continue em frente mais uma vez.  Agora vai surgir uma encosta íngreme à direita, mas não dá pra ver muito da cidade lá embaixo.

 

São mais 200 metros de caminhada sem muitas variações de altitude até chegarmos em mais uma bifurcação muito importante.  Á direita temos o ramal que conduz ao bate-e-volta ao Anhanguera.   Na volta, iremos pela opção da esquerda, que sai na Estrada do Excelsior.

 

Vamos subir a vertente do Morro e logo sou presenteado com um mirante à direita voltado para a Tijuca.

Vista do Anhanguera

Mais 100 metros adiante e temos um mirante mais abrangente ainda.  Tenha cuidado com o precipício e aprecie a vista.

Vista do Anhanguera 2

Mas o cume do Morro do Anhanguera não foi conquistado ainda.  Ele está logo adiante e causa um impacto ao visitante de primeira viagem, porque é um morro muito peculiar.

 

O Morro do Anhanguera não tem mirante nenhum, mas ao mesmo tempo tem um dos cumes mais belos do Parque, pois todo ele é dominado por um belíssimo bosque de eucaliptos, cujas mudas vieram da Austrália.

Bosque do Morro do Anhanguera

Apesar de toda essa beleza  e da facilidade de acesso, justamente por não ter um mirante, o Morro do Anhanguera não atrai tantos visitantes, em sua maioria  ávidos por selfies mirabolantes.

 

O quase permanente silêncio do Morro e sua bela floresta, são um convite à introspecção e seria um ambiente bem favorável para a meditação.

 

Essa serenidade toda em nada remete ao personagem que batiza o Morro: o terrível bandeirante Anhanguera, que infernizou a vida de centenas de comunidades indígenas no século XVII.

 

 

 

Mirante do Excelsior e colina do Felizardo.

 

Volto pelo mesmo caminho e entro naquele caminho da esquerda que conduz até a Estrada do Excelsior.

 

Saindo na Estrada, vou pela direita e desço mais 400 metros até chegar no Mirante.

 

O mirante, que  ainda é acompanhado pela Floresta de Eucaliptos,  tem bancos com restos de azulejos, e proporciona uma bela vista da Zona Norte.

Vista do Mirante do Excelsior
Panorama do Mirante do Excelsior

O nome “Excelsior” vem do latim, e significa “mais alto”.    Foi retirado de um poema sobre um jovem montanhista, escrito por Longfellow no século XIX.

 

Do Excelsior temos a visão de uma colina mais baixa  situada bem a frente da nossa de linha de visão.

 

Esse é a colina do Felizardo, que pode ser acessada por uma trilha que desce meio escondida pela margem esquerda do Mirante.

 

Essa trilha também se conecta com diversas comunidades da zona norte, sendo frequente o seu uso por traficantes que se deslocam estre elas ou por outros meliantes que vez ou outra vem assaltar na Floresta.

 

Seu uso não é recomendado, mas no dia em que fiz este passeio havia uma patrulha da guarda ambiental cuidando da segurança do Excelsior, me deixando  mais confiante para revisitar a trilha.

 

Depois de descer uns 100 metros, a trilha bifurca à direita em busca da vertente que liga o Excelsior até a colina.

Logo  no início desta descida há um pequeno conjunto de ruínas de um dos vários sítios que existiam na área.

 

Depois que passa por estas ruínas, a trilha faz uma curva para a esquerda e continua descendo por 600 metros até a Colina do Felizardo.    Como não é tão frequentada  esta trilha tem muita vegetação caída bloqueando o caminho.

 

Ao subir a colina, a mata fechada dá lugar ao capinzal esparso e toda a luminosidade forte que o acompanha.

 

Não há quaisquer impedimentos para a vista deslumbrante da Zona Norte e do Centro da cidade.

Vista do Morro do Felizardo

Olhando para trás temos uma visão dos picos mais altos do parque de um ângulo único.

Andaraí-Maior e Pico da Tijuca do Morro do Felizardo

No alto do morro ainda existem restos da antiga fazenda de Felizardo José Tavares, daí o nome da colina.

 

 

Retornando pelo Vale da Caveira até sair na Cachoeira das Almas

 

Tenho de retornar então pelo mesmo caminho até o Mirante do Excelsior.   Subo a estrada, e ao retornar, para variar o caminho e deixar o roteiro mais interessante, entro na trilha da Caveira que se inicia numa curva acentuada da estrada.

 

Caminho por um antigo caminho colonial de 200 metros de extensão até chegar numa trifurcação.

 

Busco a cachoeira das Almas e a sinalização indica que tenho que ir pelo meio.

 

Logo passo pelo Largo da Caveira, que faz referência à um antigo sítio local e continuo o traçado alterado da trilha em busca do Vale da Caveira.

Largo da Caveira

Caveira, Almas…Apesar destes nomes a caminhada é feita sem maiores sustos cheias de sobes-e-desces suaves em meio à uma floresta belíssima.

 

A trilha atravessa alguns leitos de riachos e muitos troncos caídos até que ao fim de 800 metros de pernada, chega numa bifurcação importante.

A trilha vai serpenteando pelo Vale da Caveira

À direita prossegue o caminho do Vale da Caveira e seguindo pela esquerda vamos descer um curto trecho até encontrar o caminho das Almas.

 

É o que faço, e lá chegando viro à direita em busca da Cachoeira.   Em breve a trilha muda para a outra margem do rio, e depois de algum tempo podemos ouvir o barulho da água e da algazarra do pessoal que se refresca por lá.

 

Nada mais apropriado do que um belo banho de cachoeira ao final de toda esta caminhada.

Cachoeira das Almas

O nome da cachoeira vem da grande quantidade de oferendas que eram encontradas pelo caminho: uma prática que remonta ao tempo dos antigos escravos que trabalhavam nas fazendas locais.

 

Para sair da cachoeira e finalizar a caminhada na estrada, basta subir a trilha à direita e depois direita novamente.

 

O caminho dos escravos é sinuoso e vai de encontro ao leito do rio das Almas.

 

Quando este é alcançado, o caminho reencontra a trilha do Vale da Caveira, que vem na diagonal, formando um > com o caminho dos Escravos.

 

É preciso virar à esquerda e seguir mais ou menos no mesmo plano por 200 metros até umas ruínas.  Logo depois saio no Restaurante “A Floresta”, terminando mais um longo dia de caminhadas pela Floresta da Tijuca.

 

Não percam o próximo roteiro, pois ele é o mais intenso de todos.  Mais uma vez. devo dividir a descrição do roteiro em duas postagens, tamanha é a quantidade e  diversidade de atrações do 14º dia da Trilha Transcarioca.

 

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2 thoughts to “Trilha da Pedra do Conde, Morro do Anhanguera e Cachoeira das Almas (13º dia da Transcarioca)”

  1. Muito obrigado, Matheus!

    A trilha da Pedra do Conde é de nível moderado e há só um trecho um pouco mais técnico próximo ao cume em que é preciso usar as mãos para subir um lance em meio às rochas. Há uns apoios de ferro que facilitam a subida.
    Em relação à segurança, de vez em quando há uma onda de assaltos na Estrada do Excelsior que fica nas proximidades. Procure se informar na portaria sobre a situação do local.

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