Vista da Pedra da Gávea

Travessia Pedra da Gávea- Pedra Bonita. (17 º dia da Transcarioca)

Atrações

Bem, eu considero que ao fazer a trilha Transcarioca, vivemos três momentos apoteóticos!

Um obviamente é a conclusão do circuito na Urca, o outro é a subida do Corcovado: maior cartão postal do país.

E por fim o terceiro irei descrever em detalhes neste artigo, que é a subida da Pedra da Gávea!

A Pedra da Gávea é uma trilha tão desafiadora, tão intensa em atrações que não pode ser comparada com qualquer outra no Rio de Janeiro.

Não é a toa, que é uma das trilhas mais procuradas e frequentadas do Rio de Janeiro.

Conquistar a Pedra da Gávea, é um divisor de águas pra qualquer trilheiro do Rio de Janeiro, já que ela separa os iniciantes dos experts.

Nível de dificuldade: Muito Difícil

Toda a subida da trilha da Pedra da Gávea é bem desgastante com alto grau de declividade, mas além disso ela conta com vários trechos mais técnicos em que é necessário o uso das mãos pra se apoiar nas raízes e pedras, culminando com o famoso trecho de escalaminhada conhecido como Carrasqueira, localizada na parte final da trilha.

Fora isso, na volta desci por uma trilha muito precária e escorregadia que liga a Pedra da Gávea à Pedra Bonita.  Na segunda parte dessa trilha é preciso estar com o senso de orientação bem apurado para não se perder, pois o traçado da trilha passa facilmente desapercebido pelos olhares mais desatentos.

Como chegar.

Refaça os mesmos passos indicados no artigo anterior.  A trilha da Gávea se inicia ao final da Estrada Sorimã na Barrinha.

Pra quem vai de carro, há muitas vagas para estacionar ao final da estrada.

Pra quem for de ônibus, vá por alguma linha que passe nas imediações como o 302 e o 345 que vem da Tijuca e o 557 que vem da Zona Sul.

Salte no ponto mais próximo e vá caminhando até a Praça Professor Velho da Silva, passe pela guarita da entrada da estrada e suba até o final onde começa a trilha.

Subida inicial da Pedra da Gávea!

Só faça a trilha da Pedra da Gávea quando estiver com preparo físico em dia, pois é uma subida pesada do início ao fim e que leva em média 2 horas para ser feita.

A parte mais suave é o começo logo após a guarita onde você avança mais ou menos por 400 metros por uma antiga estrada colonial em pé-de-moleque até a bifurcação da trilha que leva à cachoeira/Pico dos Quatro.

Mantenha-se à sua esquerda. Agora a trilha vai subir num aclive mais acentuado até chegar numa grande curva para a direita.    Foi nesse ponto onde virei à esquerda para visitar o Morro do Focinho do Cavalo no 16º dia da Transcarioca.

Mas talvez esta outra trilha passe desapercebida agora.  O importante é manter-se na trilha principal.

A trilha vai subir agora por 700 metros num aclive bem acentuado com alguns pontos de escalaminhada um pouco desafiadores e que podem ser encarados como um treino para a temida Carrasqueira mais adiante.

Chegamos então à Pedra do Navio, um ponto excelente para fazer uma pausa e para curtir uma primeira vista da Barra da Tijuca.

Barra da Tijuca a partir da Pedra do Navio.

Logo após a Pedra do Navio encaramos outro trecho de escalaminhada e 400 metros adiante chegamos na Praça da Bandeira, que é uma área aberta onde a trilha principal se  encontra com as  trilhas vindas de São Conrado e da Pedra Bonita.    No retorno pegaremos uma delas para voltar até a Pedra Bonita.

A Praça da Bandeira também é outro ótimo lugar para fazer uma pausa para a desgastante subida.

Mas não precisa ser muito longa, pois assim que a trilha é retomada, subimos um curto trecho até chegarmos ao primeiro grande mirante da trilha.    Em frente temos a melhor visão possível da Pedra Bonita e olhando para trás temos a incrível visão da Cabeça do Imperador, que segundo os místicos seria a esfinge do antigo rei fenício Badhezir.

Não vou entrar nesses detalhes ainda, pois são tantas histórias mirabolantes e lendas que cercam a Pedra da Gávea, que dedicarei um todo um artigo só para falar destes mistérios.

Agora a trilha adentra uma área mais desprotegida do Sol e escorregadia também.

No meio dessa subida nos deparamos com o paredão: um ponto onde as pessoas tiram umas fotos bem bacanas onde parece que estão à beira do abismo.  Até eu que não ligo muito pra esse tipo de foto, aproveitei pra registrar a minha presença no paredão.

Paredão da Gávea

Mais um pouquinho de subida e enfim, chegamos à temida e tão comentada carrasqueira!

Carrasqueira!!!

A Carrasqueira é o local que registra o maior número de acidentes fatais em trilhas no Brasil.

Mas calma, não se apavore tanto!

Muito deste triste recorde se deve ao grande número de excursionistas totalmente despreparados que se arriscam a vencer o trecho, que não é tão difícil para quem tem o mínimo de prática em montanhismo.

Este temido trecho consiste num longo trecho de subida em escalaminhada com mais ou menos 45º de inclinação e 30 metros de altura.   Há várias fendas bem evidentes para segurar ou apoiar os pés.  Os caminhos possíveis são inúmeros.

Carrasqueira

Mas se você não tem muita prática de montanhismo ou tem medo de altura, é fortemente recomendado que suba a trilha com o apoio de um guia.

É justamente neste trecho que a imensa maioria das pessoas empacam, gerando um grande congestionamento principalmente aos domingos.

Uma dica muito valiosa!  Se você tiver como, evite a subida da Pedra da Gávea aos domingos.

Vou repetir: EVITE SUBIR AOS DOMINGOS!   Esses congestionamentos em determinados trechos críticos podem elevar e muito o tempo para percorrer toda a trilha, além de poder elevar o pânico de quem é iniciante e fica parado no meio do engarrafamento Carrasqueira.

Vencida a Carrasqueira, fica faltando pouco para se atingir o cume.   A trilha passa em frente ao Portal de Agharta e vai contornando o platô até virar a esquerda e fazer o ataque final ao cume em mais um trecho técnico com muitas raízes e pedras pelo caminho.

Enfim no cume da Pedra da Gávea!

Ao atingirmos o cume, a sensação é de total deslumbramento com a vista ímpar que se tem do Rio lá de cima.  Somos dominados pela sensação de que todo o esforço da subida valeu a pena!

O topo da Pedra da Gávea é extremamente amplo e tem várias locais a serem visitados.

Pegando a trilha para a direita, chegaremos em breve no platô, que tem um espaço bem amplo para descansar e se deslumbrar com cada ângulo incrível do Rio que este mirante proporciona.

Vista da Pedra da Gávea

Daí temos uma visão incrível das outras montanhas do Parque e de toda a Zona Sul com a visão a se perder na imensidão azul do Oceano Atlântico.

São Conrado visto do alto da Gávea

Elevado do Joá e Pico dos Quatro

Do outro lado do cume está a cabeça do Imperador.  Depois de um merecido descanso no platô é para lá que me dirijo seguindo o caminho mais do que evidente em meio à vegetação.

Quase chegando à cabeça, surge uma rota alternativa à direita.  Este é o acesso até a gruta da Orelha do Imperador, uma cavidade de onde se tem uma visão bem surpreendente do Rio.

O acesso até essa gruta é meio complicado. É preciso descer se apoiando numa fenda que atravessa todo um paredão.

É preciso descer com muita atenção pois você fica algum tempo exposto.

Chegando lá você conta com a melhor janela do Rio, com uma vista muito singular  da Zona Sul.

Gruta da Orelha da Gávea

Ao redor da gruta você tem a opção de visitar outros locais muito pitorescos como uma pedra de onde você tem uma excelente visão da Cabeça do Imperador com as supostas inscrições fenícias grafadas no paredão. (Esse é assunto para o próximo post, portanto aguarde!)

Pra falar a verdade, devido à posição do Sol, não consegui ver em detalhes as supostas inscrições do século IX a. C., mas me deparei com vários grafites brasileiros do século XXI…

As supostas inscrições fenícias estão marcadas no alto da pedra e o ângulo não permite uma boa visualização a partir deste ponto.

Cabeça do Imperador

São muitas as atrações do cume da Gávea, e se você tiver disponibilidade de tempo, deve voltar à trilha principal e visitar a a Cabeça do Imperador, que é o local onde fica o ponto culminante da Pedra da Gávea.

É lá que estão alguns dos pontos mais famosos da montanha como as curiosas pedras do Raio e Pirâmide (ponto culminante) e a famosa cadeirinha do imperador, onde os corajosos podem se sentar numa depressão natural com os pés suspensos sobre o abismo.   Um pouco abaixo da cadeirinha está situada também a base de saltos de wingsuit: esporte muito radical e perigoso.

Mas para alcançar a cabeça do imperador é necessário atravessar o vão central, que é um trecho onde usamos uma corrente para descer um vão para logo em seguida subir um difícil trecho em escalaminhada, que geralmente está muito úmido e escorregadio.

Mesmo o topo da cabeça do imperador é muito amplo e dá para gastar um bom tempo caminhando por lá enquanto se aprecia o visual.

Do alto da cabeça temos uma visão mais ampla ainda do Rio, pois daí é possível ver toda a Zona Oeste com seus bairros Barra, Recreio e Jacarepaguá.

Visão da Barra da Tijuca

Bem, mas depois de tanto tempo é hora de voltar!

Para completar toda a Transcarioca, decidi então voltar até a Pedra Bonita por outra trilha distinta da que usei para vir.

Para isso enfrentei novamente a carrasqueira, desci toda a trilha até chegar à Praça da Bandeira.

Na praça da Bandeira temos duas opções para alcançar a Pedra Bonita.  Na trilha que é praticamente uma continuação da descida da Gávea, somente excursionistas equipados com equipamentos de segurança tem como vencer a chaminé Eli.

Travessia para a Pedra Bonita

Mas eu escolhi uma segunda opção menos perigosa e conhecida também.  Peguei a trilha que desce à direita em direção à São Conrado.  Era uma trilha muito frequentada no passado, mas hoje se encontra praticamente abandonada porque sua entrada foi fechada a pedido dos moradores de um condomínio em São Conrado.

`Por isso é uma trilha que ficou mais desafiadora ainda do que era porque não recebe mais manutenção e também porque não é sinalizada.

Na descida é triste a constatação de que os ambientalistas estão cobertos de razão: me deparo com uma quantidade enorme de lixo jogado na trilha há mais de 20 anos atrás e que aparenta estar longe, mas muito longe ainda da deterioração.

Desci então cerca de 600 metros  pela difícil trilha até um ponto crucial onde surge quase desapercebida uma fitinha amarrada à um galho indicando o início da trilha que parte em direção à Pedra Bonita.

MUITA ATENÇÃO NESSA HORA!  A fita e principalmente a trilha podem passar facilmente desapercebidas. (A fita pode nem estar mais lá nesse momento..)  Abaixo ao final deste post eu compartilho o tracklog desta trilha onde indico o local em que se tem que deve se tomar a bifurcação à esquerda.

Caso não a encontre, JAMAIS continue descendo até São Conrado, afinal como mencionei mais acima, há uma cerca elétrica impedindo a saída para a Estrada das Canoas, e você fatalmente terá de subir toda a Pedra da Gávea novamente.

Esse trilha que parte em direção à Pedra Bonita vai contornando o morro da Bandeira mantendo mais ou menos a mesma altitude.    Tá mais para uma picada aberta na mata, pois o traçado é pouco batido e se não tiver o hábito de caminhar em mata fechada, você poderá facilmente se desorientar.

Depois de caminhar por cerca de 500 metros, até eu mesmo tive uma dificuldade para reencontrar o caminho depois de passar por um ponto onde havia muita vegetação caída.

Mas logo retomei o caminho, cruzei um riacho para retomar a subida do vale e sair 100 metros adiante na trilha que liga a rampa da Pedra Bonita até a Chaminé Eli.    Peguei essa trilha na travessia que fiz da Pedra Bonita até a Barra, e agora estou retornando pelo mesmo caminho.

Esta trilha é bem mais aberta do que a anterior mas ainda assim bem pouco frequentada.   Continuo subindo o vale por 500 metros e depois de muitas curvas me deparo com outro rio próximo à umas casas.   Esse rio indica que a rampa de asa-delta está bem próxima.

Atravesso o rio, faço uma curva para a direita e outra bem acentuada para a esquerda e 300 metros adiante, chego triunfante à rampa de asa-delta.   Minha missão de emendar a Pedra da Gávea na trilha Transcarioca tinha sido um sucesso, mesmo eu desconhecendo boa parte do caminho que deveria seguir.

Rampa de Asa-Delta

Mas os desafios estavam só pela metade.   A rampa de asa-delta seria o ponto de partida do próximo trecho onde eu deveria percorrer um bom segmento que eu não conhecia e que ligaria a Agulhinha da Gávea ao Morro do Cochrane.  Pra piorar, pra atingir o Cochrane eu deveria atravessar uma área particular pertencente à campus abandonado da faculdade Cândido Mendes.

Mas esse será o assunto para uma futura postagem.   Antes vou escrever um artigo totalmente voltado para os inúmeros mistérios que rondam a Pedra da Gávea.   Portanto, não deixe de acompanhar esta saga!

Abaixo deixo o tracklog da travessia que fiz esse dia.  Infelizmente no meio da gravação, houve um bug no GPS do meu celular e o traçado ficou distante da realidade e muito confuso.

Quando percebi a falha já estava no alto da Pedra da Gávea.   Reiniciei o GPS, a posição foi acertada  e a marcação foi retomada sem maiores problemas na descida e na travessia que começa na praça da Bandeira e vai até a rampa do vôo livre.

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3 thoughts to “Travessia Pedra da Gávea- Pedra Bonita. (17 º dia da Transcarioca)”

  1. Mas esta travessia PGxPB que citas faz parte da Trilha Transcarioca? Dá TT regularmente mapeada, registrada?

  2. Não faz parte, Luciana!
    Essa travessia que fiz, assim como alguns outros trechos foram inspiradas na versão original da Transcarioca, relatada por Pedro da Cunha e Menezes em livro “Todos os Passos de Um Sonho”.
    Deixo isso claro na página em que conto a história da TT.

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